A Bibliotecária de Auschwitz

"Ao longo da história, todos os ditadores, tiranos e repressores, fossem arianos, negros, orientais, árabes, eslavos ou de qualquer outro tom de pele, defenderam a revolução popular, os privilégios das classes nobres, os mandamentos de Deus ou a disciplina sumária dos militares. Qualquer que fosse sua ideologia, todos tiveram algo em comum: sempre perseguiram os livros com verdadeira sanha. São muito perigosos, fazem pensar."


Autor: Antonio G. Iturbe
Editora: HarperCollins Brasil

    Dita tem 14 anos, adora ler e é uma bibliotecária. Ela guarda oito tesouros: oito livros escondidos dos nazistas, no campo familiar de Auschwitz.

    No bloco 31, surpreendentemente, existem crianças, que além de terem sobrevivido à seleção feita ao chegar no campo, passam os dias tendo aulas clandestinas, cantando e tentando retornar a infância feliz que conheciam antes da guerra.

    Nesse bloco milagroso, Dita descobre que há oito livros, contrabandeados e proibidos, e se arrisca então para protegê-los e emprestá-los aos professores a cada dia que se passa. E é através de seus olhos que vemos a maior parte da história e o desenrolar da guerra.

     Primeiro preciso dizer que, apesar de ter lido vários livros e revistas de história sobre a Segunda Guerra Mundial, nunca havia ouvido falar da existência de um campo familiar, o que me surpreendeu bastante. Acredito que a maioria da população mundial já tenha ouvido falar alguma vez do Holocausto (a não ser que você seja criança e não tenha estudado ainda ou não tenha acesso a estudo/mídias), e esse livro traz um conglomerado de informações sobre ele. 

    Saber que existiu esse bloco em Auschwitz e que livros foram contrabandeados para ele, sacrificando recursos muito mais essenciais na época, como comida e vestimenta, me traz uma sensação indescritível. Como Dita e outros personagens apontam, livros trazem luz para esse ambiente desesperador, e o mais importante, esperança, a sensação de que tudo voltará a normalidade no futuro.

    Peguei o e-book em uma promoção no site da Amazon, e acabei não lendo a sinopse antes de começar a leitura, então foi uma grata surpresa descobrir no seu final que é baseado em uma história real, que Dita realmente existiu. Há uma sensação doce e amarga ao se ler uma história real sobre o Holocausto, pois nunca se sabe se aquele personagem sobrevive a todas as crueldades que sofre, e mesmo que ele sobreviva, muitos outros não conseguirão.

    Minha única crítica a esse livro foi que achei que faltou fluidez em alguns momentos, pois em alguns trechos temos mudanças de narrador para outros personagens, inclusive o Dr. Mengele, que todos que já leram sobre o Holocausto conhecem, e fatos sobre eles são incluídos, dando um tom de documentário a leitura, quebrando o ritmo pré-estabelecido. 

    Esse livro traz alguns termos e situações fortes, então não recomendaria a uma criança muito nova que se impressionasse fácil. Com essa exceção, recomendo a todos a leitura e principalmente, a reflexão sobre que foi lido. 

Boa leitura.


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